Ferramenta importante para a conversão de vendas, Instagram precisa de conteúdos interativos, postagens frequentes e que mostrem ‘autoridade’ da marca em relação ao assunto
No mercado desde 2009 com a loja de roupas femininas Cor de Pimenta, Michele Carraschi e a mãe, Neusa Carraschi, logo perceberam que as redes sociais poderiam ser grandes aliadas nos negócios. Com a experiência da mãe na área de marketing, Michele foi para o Facebook e em 2013 começou uma trajetória de sucesso que perdura. “Minha mãe tinha experiência com o Orkut, e com a popularização do Facebook migramos para lá”, conta.
No início as postagens eram focadas nos produtos. “Basicamente postávamos fotos das peças e isso bastava. Em pouco tempo conquistamos seguidores na página e, consequentemente, começamos a vender mais”, afirma. Com o passar do tempo surgiram outras plataformas, os consumidores se tornaram mais exigentes e foi preciso se adaptar.
Em 2014, as empresárias lançaram o e-commerce, e desde 2015 têm marcado presença também no Instagram. “Atualmente temos 260 mil seguidores no Facebook e 40 mil no Instagram, além de vendermos pelo site e pelo WhatsApp, com envio de produtos para todo o país”, diz. Segundo a empresária, os consumidores de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande os Sul são os que mais compram.
Os resultados são fruto de uma mudança na forma de trabalhar as redes sociais. Michele mudou a estratégia e passou a investir em conteúdo e não apenas postar fotos dos produtos. “Começamos a dar dicas de como usar as peças, postar tendências e fazer trabalho de personal stylist. Mais do que ajudar a clientes a escolher as peças, queremos oferecer informações práticas de como tornar o guarda-roupas funcional”, afirma.
No Instagram, a Cor de Pimenta explora todas as ferramentas: feed, stories, reels e IGTV e mantém regularidade nas postagens. “Postamos conteúdo todos os dias, inclusive aos finais de semana, às vezes mais de uma vez no feed e várias nos stories”, explica. A loja conta ainda com equipe que se dedica exclusivamente às vendas online e redes sociais e oferece treinamento semanal sobre como tornar o atendimento humanizado. “Ter uma equipe focada no digital ajuda a manter o relacionamento estreito com as clientes. Procuramos sempre responder rápido e sanar todas as dúvidas, isso faz muita diferença”. Nas postagens no feed e reels, em março, a marca trouxe conteúdos mostrando como combinar saia xadrez, looks do estilo romântico, como combinar peças da cor marrom e estilo esportivo.
Com a pandemia, quando mais do que nunca os canais digitais mostraram sua força, a Cor de Pimenta conseguiu driblar as adversidades, afinal, o universo online fazia parte da rotina. “O maior impacto foi quando os decretos não permitiram sequer vir à loja para trabalhar internamente. Fora isso, conseguimos manter as vendas aquecidas, sobretudo graças ao Instagram”, diz.
O Furação do Instagram
Com 105 mil seguidores no Instagram, Talita Zuccoli, do perfil @talita_ny, começou a jornada nas redes sociais em 2013 no Facebook. Personal shopper, ela viajava para os Estados Unidos com frequência, compartilhando dicas e os bastidores das viagens. “Sempre gostei de me comunicar, então contava detalhes de tudo o que fazia, desde quando saia do Brasil, passando pelas compras, hotéis e restaurantes que frequentava até a volta para casa, mas isso era de forma inconsciente, na época nem se falava em engajamento”, diz ela, conhecida como Talita NY e idealizadora do curso ‘Seja o furacão do Instagram’.
Quando Talita atingiu a marca de 5 mil amigos no Facebook e soube da possibilidade de alcançar mais gente, migrou para o Instagram e se manteve próxima dos seguidores, no entanto, nem sempre conseguia interagir respondendo mensagens diretas. “A falta de interação é um dos erros de quem quer se posicionar no Instagram e reverter o engajamento em vendas, por isso, hoje tenho uma equipe de quatro pessoas para me auxiliar na tarefa”, diz. Atualmente Talita recebe entre 400 e 500 mensagens por dia e mostra seu dia a dia como influenciadora, dá dicas sobre como criar conteúdos e aumentar o engajamento.
Com os resultados alcançados no perfil, Talita se tornou referência quando o assunto é produção de conteúdo, tanto que já ministrou, na ACIM, três cursos para profissionais liberais e pequenas empresas. A ideia é mostrar formas de ser assertivo e conquistar mais audiência. “O Instagram não deve ser apenas uma vitrine virtual, é preciso mostrar o valor do que está sendo vendido, porque aquilo é relevante e fará diferença para quem comprar”, diz.
Segundo Talita, é fundamental compreender as diferenças entre as ferramentas do Instagram e criar conteúdos específicos para cada uma. “No feed transmitimos as primeiras impressões, e isso é o que determina se alguém vai passar a seguir o perfil, nos stories é legal mostrar o dia a dia, os bastidores do trabalho. Já o IGTV é para aprofundar um tema e mostrar autoridade no assunto, e o reels pode ser usado para conteúdos descontraídos, como uma dança”, explica.
Talita recomenda investir em um bom smartphone que garanta qualidade nas fotos, vídeos e transmissões online. “Não há nada pior do que vídeos em que áudio e imagens estão dessincronizados, isso acaba com o interesse de quem está assistindo”, pontua.
Stories com legenda
Para alavancar os resultados da oficina mecânica, o casal Marina Queiroz e Matheus Carvalho foi em busca de conhecimento. Marina fez o curso da Talita, na ACIM, e conseguiu aumentar o engajamento na página do Instagram, com 5,2 mil seguidores, em 90%. “Achava que alguns conteúdos não tinham relevância, mas percebi o quanto as pessoas gostam de ver os bastidores, e isso nos aproxima do público”, diz.
Uma das dificuldades era aumentar o engajamento de mulheres no perfil da oficina, o que foi possível, por exemplo, usando a caixinha de perguntas. “Este é um espaço onde as pessoas podem perguntar sem medo, então foi uma oportunidade de nos comunicar melhor com o público feminino, tirarmos dúvidas e transmitirmos confiança no nosso trabalho”, afirma.
Depois do curso, Marina, que administra as redes sociais da Matheus Car, passou a investir na qualidade das fotos e legendas. “Um detalhe que não sabia era a importância de inserir texto nos stories, só depois é percebi como nós, enquanto usuários, temos o costume de assistir aos stories com o som desligado, e deixamos o conteúdo passar batido”, explica.
Especialista nas marcas francesas Citroën, Renault e Peugeot, o casal passou também a gravar vídeos com conteúdos direcionados a esse público. “Sem dúvida, as dicas que aprendi estão fazendo diferença no Instagram. Agora conseguimos transmitir mais autoridade no trabalho que fazemos”, revela.
Foco na experiência
Para ajudar empresas do varejo a faturar mais, em julho do ano passado foi lançado o Programa Varejo Inteligente, uma parceria entre Sebrae/PR, prefeitura, ACIM, Sivamar e Sistema Fecomércio PR que traz ações, inovações e capacitações. Consultora do Sebrae e gestora no programa, Érica Sanches afirma que o objetivo final é criar um ecossistema favorável aos negócios. “A pandemia acelerou tendências e alguns empresários se veem em uma enxurrada de informações, no entanto, nem sempre sabem o caminho para superar as dificuldades. Queremos criar articulações e fornecer soluções”, explica. Entre os temas abordados pelo programa estão experiência e jornada do cliente, mídias sociais, governança, processos e tecnologias de automação.
Érica explica que sempre surge uma ‘onda’ tecnológica. “Foi assim com os sites, depois veio o e-commerce e em seguida, os aplicativos”, diz. No entanto, segundo ela, é preciso avaliar se essas ferramentas vão agregar à marca de acordo com o plano e modelo de negócio. “Muitas vezes os empresários se rendem à ideia de que precisam seguir tendências, mas não traçam estratégias que se convertam em vendas”, explica.
Segundo a consultora, a mesma lógica serve para as redes sociais: não adianta estar nas plataformas, mas não se comunicar de forma de eficiente. “O consumidor mudou a forma de se relacionar com as marcas e hoje busca experiências, conteúdo, informações que façam sentido, que agreguem e gerem credibilidade, portanto, exigem criatividade e dedicação das marcas”, afirma.
Sobre o Instagram, que está em evidência, Érica diz que a plataforma oferece grande potencial de vendas dada a quantidade de recursos para a criação de conteúdo, no entanto, também precisa de processos. “Os erros mais comuns são não ter rotina, não definir a persona e fazer postagens que não agreguem ao consumidor”, diz.